sábado, 15 de dezembro de 2012

Mortalidade infantil é 138% maior entre crianças indígenas


Relatório divulgado diz que nos últimos dois anos mais de 50 crianças indígenas morreram por causas como desnutrição no Brasil 
 Os meios de comunicação diversas notícias que OMITEM de maneira gritante a crise social que existe no Brasil.
Um desses casos de omissão da imprensa é um relatório que indica a morte de dezenas de crianças indígenas no Brasil nos últimos dois anos.
Foi divulgado no dia 10 de abril pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o relatório “Violências Contra os Povos Indígenas – 2006-2007” em que expõe de maneira abrangente vários aspectos do massacre sistemático infringido contra os povos indígenas brasileiros.
Um dos aspectos mais interessantes do relatório revela um verdadeiro genocídio de crianças indígenas, patrocinado pelo governo.
Mortalidade indígena é mais de duas vezes maior
Um estudo realizado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), organização ligada à ONU (Organização das Nações Unidas), constatou que a mortalidade infantil no Brasil é dezenas de vezes maior entre crianças indígenas e negras que entre crianças brancas. No País, morrem 24 crianças a cada mil nascidas vivas, um índice bastante alto para os padrões internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, são oito crianças a cada mil, no Chile são nove crianças, na Argentina 12, no Uruguai 16 e em Cuba sete crianças. Segundo o estudo, as mortes de crianças negras é 37% maior que entre crianças brancas. No caso das crianças indígenas o resultado é desastroso. A mortalidade infantil entre os índios é 138% maior que entre crianças brancas.
O estudo foi realizado entre os anos de 1990 e 2006 e constatou que no País há cerca de 11 milhões de crianças com até seis anos de idade e que mais da metade destas crianças, 55%, são de famílias pobres que se sustentam com menos da metade de um salário mínimo, ou seja, menos de R$ 200 por mês.
Segundo o relatório apresentado sobre a situação das crianças indígenas, no período de 2006 a 2007 foram registradas 51 mortes de crianças indígenas. E as principais causas não são de mortes provocadas por outros indivíduos, mas por inanição, disenteria, hepatite, gripe, meningite, desidratação, pneumonia e tuberculose. Há ainda o caso de uma criança que morreu durante o parto, por falta de assistência médica. 
Os principais estados que apresentaram mais mortes foram o Mato Grosso do Sul, com 17 mortes de crianças, no Maranhão 12 bebês morreram de desnutrição e desidratação, no Tocantins, teve 11 mortes, Rondônia com sete e Amazonas com cinco crianças mortas.
Centenas de crianças desnutridas
De todas as mortes de crianças indígenas registradas, a causa principal destas mortes é a desnutrição, ou seja, a fome. Estados como Mato Grosso do Sul, Tocantins e Santa Catarina os casos de desnutrição se multiplicam. Levantamento realizado em aldeias ao norte do estado de Santa Catarina registrou casos de desnutrição em 42,85% das crianças. No Tocantins, 75 crianças apresentaram sintomas de desnutrição. No Acre, 76,3% de crianças indígenas da etnia Kaxinawá que estão em duas aldeias, Paroá e Caucho, sofrem de desnutrição crônica. Esta é o maior índice nacional.
Outro estado em situação crítica é o Mato Grosso onde 250 crianças apresentaram sintomas de desnutrição. Em Tocantins, outros 19 casos de desnutrição entre as crianças foram registrados.
O estado que apresenta mais casos de desnutrição é o Mato Grosso do Sul, segundo dados oficiais, da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), de 2.300 crianças indígenas de zero a cinco anos, 8% delas, 184, apresentaram desnutrição e outras 322 crianças, 14% do total, estavam sob o risco de estarem desnutridas. Mas há estimativas não oficiais de que existam atualmente 600 crianças desnutridas em diversas aldeias indígenas do estado.
Na cidade de Dourados, 30 crianças na faixa de seis meses a dois anos, apresentaram desnutrição. Somente em 2005 neste município foram registradas mortes de 17 crianças indígenas.
Segundo Cristiano Navarro, integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a desnutrição das crianças é causada pela falta de terras para os índios viverem e uma política voltada para atender os mínimos direitos básicos.
Citando o caso de Mato Grosso do Sul (MS), onde os índices de desnutrição de crianças indígenas é um dos maiores de todo o Brasil, Cristiano Navarro disse: “Temos em Mato Grosso do Sul uma população de 40 mil pessoas [indígenas] para uma área de 40 mil hectares. Então a produção social interna de alimento é muito pequena. Isso resulta em vários tipos de desintegração, inclusive da organização social tradicional e na dependência da cesta básica. Tudo isso leva a uma forma de vida que acarreta na subdesnutrição”. (Radioagência Notícias do Planalto, 12/3/2008).
Governo genocida
A calamidade vivida por milhares de índios deve-se exclusivamente à omissão e completo descaso dos governos estaduais e principalmente do governo Lula com os povos indígenas. Estes povos sofrem sistematicamente com a falta de assistência básica como falta de alimentação, falta de terras, falta de saneamento, medicamentos, assistência médica regular, falta de água potável etc. estão sujeitos a uma degradação cada vez maior e gradativamente estão sendo exterminados.
Para os órgãos diretamente responsáveis pela situação indígena, como a Funasa (Fundação Nacional da Saúde), as péssimas condições de vida dos índios é casual. Para o coordenador-geral de Atenção à Saúde Indígena da Funasa, Flávio Pereira Nunes, as mortes das crianças indígenas se deve a um problema espacial, segundo ele: “É importante lembrar que 75% da população indígena vive no Norte e no Nordeste. Em alguns municípios do Nordeste, a mortalidade infantil chega a 40 crianças por mil, não muito distante da média entre os índios", ou seja, a morte deles é natural, não tem nenhuma anormalidade. Outro cínico do governo é o diretor do Departamento de Saúde Indígena (Desai), Wanderley Guenka, segundo ele, “A mortalidade de crianças indígenas sempre será maior do que na população não-índia” (Radio Agência Notícias do Planalto, 12/3/2008). Wanderley Guenka ainda foi mais longe na dissimulação ao dizer que parte da mortalidade era ocasionada, supostamente, pelo difícil acesso que existe para se chegar às comunidades indígenas. Uma farsa, já que em diversas aldeias que ficam localizadas próximas a regiões urbanas há altos índices de mortalidade infantil.
A demagogia do governo em investir em políticas de atendimento às populações indígenas não ultrapassa as portas do Congresso Nacional “mensalão”. Segundo a Câmara dos Deputados, desde 2003 há investigações sobre a causa das mortes de tantas crianças indígenas. Em mais de quatro anos de suposta investigação, não foi feito nada e o número de crianças mortas e doentes duplicou. O escândalo do altíssimo índice de mortalidade infantil entre os índios é tanto que órgãos internacionais como a Anistia Internacional e a Unicef criticaram o governo brasileiro que para aparentar alguma preocupação com a causa indígena, em dezembro do ano passado, o Congresso instalou mais uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para fingir que está preocupado com as mortes das crianças indígenas.

ÍNDICE DE MORTALIDADE INFANTIL NAS ALDEIAS INDÍGENAS DE DOURADOS POR MIL HABITANTES
2000141,56
200185,97
200246,3
200351,75
200466,01
200538,54
200624,12
200739,68
200828,68
200941,68
201032,11

Sem comentários:

Enviar um comentário